sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Sublimar-se

Ansiedade, transtorno de humor, pânico, depressão. Males da modernidade? Males do século XXI? No século XVIII também ocorreu uma epidemia assim. As pessoas também morriam de amor, de ódio, de tristeza. De acordo com o senso comum, a depressão é definida como "frescura", falta do que fazer, falta de Deus, dentre outros adjetivos e adjuntos difíceis de qualificá-los. Mas, na realidade, depressão é difícil de se definir. Tudo começa com a tristeza: a pessoa passa a emocionar-se exageradamente com qualquer coisa, desde um sonho fatalístico, um filme romântico, até o absurdo de uma promoção de molho de tomate. As lágrimas brotam sem serem esperadas, sem motivo aparente aos olhos dos outros. Os outros. "O inferno são os outros", afirmou o filósofo existencialista Jean-Paul Sartre. E aí vem de novo o senso comum. Para este, o outro é o "estrangeiro", o desconhecido. Talvez por isso colocamos "o outro" sempre em maus lençóis. Mas Freud, em sua psicanálise, diz que o "estrangeiro" somos nós mesmos, o desconhecido em nós.
A verdade é que não nos conhecemos. Todo o mal que acomete determinado momento da vida humana é determinado pelo desconhecimento do próprio potencial, do próprio valor diante da vida. O homem se perdeu dos seus próprios valores. E o que acontece quando se está perdido? Desespero, desequilíbrio, ansiedade, tristeza, depressão.
Dormir menos do que se deve, trabalhar mais do que se pode, lazer nunca. A falta do dinheiro que tem movido o planeta desde sua invenção, a facilidade - tão difícil para a maioria - de se obter o que não tem valor algum além do falso prestígio. Não me lembro quem disse que, quando se quer felicidade, devemos seguir sentido contrário ao que faz a maioria.
A depressão corrói, esmaga, frustra, desengana, destrói. É o cancro da alma. É afundar-se em um mundo imaginário, assim como uma anorexia - a visão não reflete a verdade. A visão é distorcida, monstruosa, quase que esquisofrênica - a descoberta de que tudo em que se acreditava era mentira. E quando se descobre o tempo perdido... Só resta recomeçar. Consertar, sublimar, estar acima do bem e do mal.
Porque " a vida é assim: esquenta e esfria, aperta daí agrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem." (Guimarães Rosa)

Um comentário:

  1. "os outros". Este é sempre o guia para as ações da maioria das pessoas. O que "os outros" vão pensar de mim?, o que "os outros" fariam no meu lugar.
    Reputação é o que você é para "os outros", e o que "os outros" pensam é problema deles. O que você é para você é o que importa. É o que você leva consigo quando parte.
    Infelizmente a felicidade não é uma constante. haverá altos e baixos durante a vida toda. Criar espectativas gastando energia na construção de uma auto-imagem ao invés de fortalecer o verdadeiro espírito, é o caminho mais doloroso de aprender a valorizar coisas pequenas através da perda dessas.
    Para saber para onde ir, primeiro precisamos saber quem somos.


    Parabéns pelo blog Fabiana. Sua alma evoluida é linda e está à frente de nosso tempo.

    bjs e ainda quero uma aula sobre J. :P

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